18 de junho de 2011

As fases de um casamento

- Quando alguém deixa de ser amado é tomado por uma profunda angústia — seja porque foi abandonado ou porque o abandonou — e é invadido pela sensação de falta e de solidão. O cientista francês Jacques Ruffié afirma não ter dúvidas de que o hábito, acarretando ao mesmo tempo exigência e tédio, pode levar à separação. Ele enuncia as diversas fases por que passa a vida da maioria dos casais:

1ª - Uma fase de início em que cada um idealizando o outro se esforçando para satisfazê-lo. Ao mesmo tempo o casal se afasta do resto do mundo.
2ª - Uma fase de primeira crise com o contato do real; defeitos mais gritantes começam a ser percebidos. Essa fase é geralmente superada graças à atração recíproca, ainda viva, que um parceiro sente pelo outro.
3ª - Uma série de crises surge podendo acarretar:

a) a ruptura. A vida em comum torna-se insuportável. O casamento explode sob o efeito do conflito e dos apelos do mundo externo;

b) em alguns casos, sentindo esse perigo de explosão, o casal se retrai por uma espécie de reflexo de audodefesa e tenta reprimir a agressividade.

4ª - Uma calmaria aparente muitas vezes disfarça um aumento de rancor e de incompreensão. É então que uma crise, mais violenta porque adiada, explode no momento em que menos se espera.
5ª - O casal pode persistir ao preço de muitas renúncias. Cada um se despersonaliza.
6ª - Os dois protagonistas tomam consciência dos seus limites, de suas próprias forças e da realidade de um fracasso parcial. A fantasia ideal do início dá lugar a uma versão mais realista. Cada um se torna mais autônomo. Se as desavenças são abordadas de frente, em vez de ocultadas, e essa crise aparecer bem cedo, numa época em que a atração entre os dois ainda é grande, ela pode ter um efeito construtivo — fazendo nascer um diálogo real, revelando novas diferenças e novas afinidades. Mas é preciso saber que o equilíbrio jamais é definitivo, pois as pessoas se modificam.
Para Ruffié, o laço conjugal, juridicamente fixo e inalterável, no plano biológico é uma ficção que nossa fraqueza amorosa e nossa instabilidade afetiva assinam. Ele acredita que se os casais deixassem de associar a fidelidade à sexualidade seria positivo para o casamento, na medida em que a mudança periódica de parceiros provoca, a cada vez, um aumento do desejo sexual.

Regina Navarro Lins

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