8 de julho de 2010

Dicionário sexual

Mergulhar na sexualidade humana é se deparar com uma infinidade de variantes do desejo, de práticas curiosas e predileções específicas. E, como usamos a língua também, mesmo que eventualmente, para falar, foi preciso que o ser humanos criasse também um sem-número de termos para designar essa extasiante quantidade de possibilidades, personagens e situações. Para esclarecer dúvidas e fortalecer a idéia de que sexo também é cultura, o Bolsa de Mulher selecionou alguns desses muitos verbetes e criou este Pequeno Dicionário do Sexo, sempre ciente de que, neste assunto, o importante não é o tamanho e sim o prazer proporcionado.
AC-DC: Do termo técnico de eletrônica, original em inglês, que designa corrente alternada e corrente contínua. É uma expressão frequentemente encontrada em anúncios de oferta e procura de parceiros sexuais, que indica bissexualidade.
Algofilia: Desejo ou necessidade de sentir dor durante a relação sexual.
Anagna Ranga: Manual sexual indiano ilustrado do século XV. Seu conteúdo inclui descrições das zonas erógenas de homens e mulheres, o ciclo da paixão erótica segundo as fases da lua e compilações de posições sexuais.
Andromimetofilia: Atração por pessoas que embora tenham o sexo feminino, representem e se relacionem eroticamente como se fossem homens.
Anilinctio: Também anilinctus, anilingus ou anilíngua. Trata-se da estimulação erótica bucal na região do ânus. A sexologia moderna, influenciada pela racionalização de preconceitos morais, vê nessas denominações classificações obsoletas. A idéia de associação do masoquismo ao anilínctio vem da tradição cristã da Idade Média, segundo a qual o diabo exigia a prática como dever ritual dos adeptos do seu culto, que por ela exprimiam sua submissão.
Autoasfixia: Também conhecida como Morte Auto-Erótica, é uma prática que consiste na privação própria de oxigênio para potencializar o orgasmo obtido pela masturbação. Uma variação sobre o mesmo tema, embora bem mais perigosa é a Asfixia Erótica, que é o estrangulamento do parceiro durante o clímax.
Avessodomia: Ato sexual entre um homem e uma ave. Em virtude de sua acomodação anatômica, animais como galinhas, gansos, patos e perus são ainda hoje freqüentemente usados em todo o mundo com este objetivo. Termos afins são Bestialidade, que significa sexo entre seres humanos e animais genericamente, e Zoofilia, que tem sentido mais abrangente, incluindo, além do coito, sentimentos de toda complexidade psicoafetiva que pessoas sentem por certos bichos.
B&D: Do inglês bondage e domination. Em português, o termo classifica o ato de imobilização para impedir a movimentação do parceiro durante o sexo.
Bacanal: Termo originado das festas em honra de Bacco, o deus do vinho, na Grécia Antiga, pautadas pela desordem e tumulto. Com o tempo, virou sinônimo de festim luxurioso com a participação de várias pessoas.
Barata: O lingüista francês Pierre Guiraud catalogou cerca de 600 palavras em sua língua com o mesmo sintagma: designar o órgão sexual feminino. Não se tem notícia de nenhum trabalho semelhante em língua portuguesa, mas é certo afirmar essa contabilização não seria muito menor. Barata é apenas um dessas centenas de nomes, sempre relacionados ao grau de intimidade e liberdade do casal, como também o são xoxota, perseguida, buceta, menina, periquita, capô de fusca, berbela, pixirica, xavasca e tantos outros.
Belle-de-Jour: Do francês original, bela da tarde. Diz-se da mulher de vida dupla, casada convencionalmente, mas que se prostitui durante o dia, seja por compulsão neurótica, seja pelo desejo de aventura e variações eróticas.
Bem-Wa: Grupo de esferas, geralmente duas, usadas como acessório num tipo de masturbação feminina.
Bordel: Do original francês, que significa casinha, cabana. Prostíbulo; casa ou apartamento onde as prostitutas realizam seu trabalho como empregadas ou recebendo comissões. Os bordéis surgiram pelo mundo em épocas muito remotas. Na Grécia, por exemplo, existem desde o século VI a.C. e, no Japão, desde o século XII. No Império Romano, eram licenciados mas, durante a Idade Média, sofreram permanentes tentativas de extinção. No Brasil, são extremamente difundidos, tanto no interior como nos grandes centros. Puteiro.
Breast Bondage: Ato de amarrar os seios com cordas, cadarços, bandagens e outros artifícios do gênero, como parte de jogos eróticos relacionados ao sadomasoquismo. Uma variação é o Nipple Bondage, que consiste na amarra exclusiva dos mamilos.
Call-Girl: Prostituta que em geral vive em apartamento e é chamada a serviço por telefone. A invenção de Graham Bell deu mais segurança e reserva à prática da prostituição, que passou a ser exercida também fora da exposição das ruas. A maioria das Call-Girls tem clientes fixos, com os quais se relacionam profissionalmente sem intermediários.
Canibalismo: Anomalia sexual rara, ocasionalmente observada em indivíduos psicóticos, caracterizada pela ânsia compulsiva de devorar carne humana. Alguns psicanalistas relacionam esse tipo de fantasias a alguma fixação na fase oral do desenvolvimento.
Catena: Do original latino, cadeia. Esse é o nome dado a um tipo de sexo grupal, comum no Império Romano, no qual cada participante praticava algum ato sexual com dois outros, formando o elo de uma corrente que se liga aos demais. Por exemplo, um homem recebe sexo oral enquanto pratica cunilíngua com uma mulher que, por sua vez, copula com outra, que pratica felação em outro homem e assim por diante.
Caupona: Espécie de albergue romano onde garçonetes chamadas Puellae incluíam serviços sexuais entre os demais oferecidos. No tempo do imperador Constantino, as garçonetes dessas estalagens foram oficialmente classificadas como prostitutas.
Chichisbeuísmo: Do italiano cicisbeo, galanteador em português. Forma de triângulo amoroso em que uma mulher casada tem, com o consentimento do marido, relações fixas com outro homem.
Chuva Dourada: Também cachoeira dourada ou golden river, diz-se da prática em que um dos parceiros urina sobre o outro, durante a relação sexual. Termos relacionado à urofilia, que designa a atração erótica pela micção.
Coprolalia: Gênero de linguagem obscena, caracterizada essencialmente pela humilhação, freqüente por ocasião do coito, advinda principalmente do homem.
Corpopraxia: Ânsia de exibir as nádegas ou o ânus.
Crematistófilo: Indivíduo que se excita pela obrigação de pagar pelo sexo ou pela situação de ter dinheiro ou objetos de valor material roubado pela parceira.
Crossdresser: Heterossexual masculino que tem por fetiche travestir-se com roupas femininas.
Cunofilia: Termo que designa a apreciação por vulvas.
Demi-Mondaine: Do francês, meio mundana. Diz-se da mulher que exerce a prostituição como ocupação secundária ou complementar, dissimulada por aparência de respeitabilidade e caracterizada por ligações de interesse com homens ricos.
Demonofilia: Atração sexual por divindades, santos ou espíritos. Especialistas consideram esta uma forma de delírio erótico, em que se associam a exaltação mística e a privação sexual.
Dendrofilia: Interesse sexual dirigido para árvores. O termo é frequentemente associado aos numerosos casos de devoção religiosa a árvores, nas quais se supõe viver alguma divindade. Essa crença levou o rei persa Xerxes I a desposar pomposamente um plátano, por volta de 460 a.C.
Drag-Kings: Mulheres que se travestem de homens. A versão invertida das Drag-Queens.
Erotofonófilo: Aquele que encontra excitação sexual na possibilidade de matar o parceiro, coincidindo esta morte com o próprio orgasmo.
Escort Girl: Do inglês, acompanhante. Garotas, em geral de bom nível sócio-cultural que, sob remuneração, fazem companhia a homens em eventos de natureza variada, como festas, viagens e reuniões. Trabalham para uma agência que se encarrega da mediação profissional e suas atividades podem incluir ou não serviços sexuais.
Face-Sitting: Do inglês literal, sentando na cara. Prática popular, sobretudo nos Estados Unidos, em que o indivíduo sente prazer sexual em ser sufocado por vulvas e nádegas, envolvido por sensações olfativas e gustativas.
Fetichismo: Satisfação sexual através da presença de um objeto inanimado.
Fist Fucking: Penetração anal com o punho no ânus do parceiro.
Formicofilia: Excitação por meio do contato de insetos e pequenos animais como formigas, caracóis ou rãs, com o órgão sexual.
Ginemimetofilia: Atração por pessoas que, embora sejam do sexo masculino, representem e se relacionem eroticamente como se fossem mulheres.
Infibulação: Método de prevenção de relações sexuais antes do casamento pela costura ou aderência dos grandes lábios, na mulher, ou do prepúcio, no homem, deixando-se apenas uma pequena abertura para urinar. Prática observada no leste da África e entre Índios peruanos.
Líber: Antigo deus romano da fertilidade. Em seu louvor, eram promovidas as Liberalias, cerimônias realizadas na chegada da primavera, marcadas por uma procissão. Um enorme amuleto fálico esculpido em madeira era levado a várias cidades sobre um carro e seguido por uma multidão que cantava canções alusivas ao sexo. Ao fim do itinerário, a mais respeitada das matronas da cidade incumbia-se da honra de laurear o falo com uma coroa de ramos.
Menofilia: Atração sexual por mulheres menstruadas.
Merkin: Peruca genital feminina, que pode tanto substituir pêlos ausentes como cobrir os existentes de uma cor com pêlos de outra cor. O termo tem origem desconhecida, mas sabe-se que na Europa medieval, designava o pêlo pubiano natural da mulher e também seus os próprios genitais.
Monumentofilia: Também estatuofilia, é a atração sexual por monumentos. Os sexólogos e psicólogos que admitem a existência dessa forma específica de fetichismo procuram explicá-la pela glorificação da superioridade material representada pela imponência das estátuas. Assim, poderiam associar-se à figura paterna ou materna, servindo à exteriorização de impulsos sexuais deformados por conflitos do Complexo de Édipo.
Motel: Da aglutinação motor + hotel. Cunhado na Califórnia, nos anos 20, originalmente, o termo designava as hospedarias de estrada, para o repouso de viajantes rodoviários. O desenvolvimento simultâneo da liberação sexual e da motorização urbana, na segunda metade do século XX, criou condições favoráveis para uma adaptação lucrativa desta finalidade primeira, num desenvolvimento lógico da tendência inaugurada pelos drive-ins. Extremamente difundidos no Brasil, onde se disseminaram inclusive dentro dos perímetros urbanos, os motéis são hoje estalagens de alta rotatividade, com infra-estrutura própria para a realização do ato sexual.
Orgasmo Múltiplo: Seqüência de clímaxes femininos, com intervalos de mais ou menos um segundo, que pode ocorrer se o estímulo não for interrompido após o primeiro sinal de prazer.
Piromania Erótica: Tendência a sentir-se sexualmente estimulado na observação de fogueiras, incêndios ou espetáculos de fogos de artifício.
Podolatria: Atração sexual fetichista pelas extremidades inferiores, sobretudo pés e elementos a eles associados, como sapatos ou meias.
Pompoar: Termo originado do tamil, idioma do Sri Lanka e do sul da Índia, que significa o comando mental sobre os músculos vaginais.
Postllionage: Também fio-terra. Inserção de um dedo no ânus do parceiro durante o coito.
Predatismo Sexual: Impulso por seduzir estranhos em situações ou lugares supostamente desprovidos de atmosfera erótica, como filas de banco, transportes coletivos, supermercados e repartições.
Priapo: Deus da geração, originariamente grego, com a alcunha de Priapos, mais tarde adorado também pelos romanos. Apresentado com o membro viril em ereção, suas representações enfeitavam inúmeros locais e objetos e seu culto era celebrado em orgias. Mais tarde virou sinônimo de pênis.
Proxeneta: Também cafetão, no masculino, e cafetina, no feminino. Diz-se do intermediário entre a prostituta e o cliente.
Puta: Do latim putta, menina; forma sincopada de putata, limpa, inocente. Denominação popular para prostituta.
Roleplay: Do inglês, desempenhar papéis. Termo relativo à situação dramática criada por um enredo erótico, como mecanismo de fantasia sexual. Exemplos conhecidos são o seqüestro, o salvamento, a abdução alienígena, chefe e secretária, médico e paciente, leilão de escravos etc.
Swinging ou Suíngue: Sexo grupal. Muitas vezes o termo é usado em sentido mais restrito, para denotar uma forma específica desta prática, formada por casais que são pares estáveis. Troca de casais.
Tosquiador: Tipo raro de fetichista ou sádico que sente prazer em cortar os cabelos do parceiro. Alguns psicanalistas interpretam essa pratica como uma forma simbólica de castração, reafirmando que a castração não precisa ser definitiva, já que o cabelo voltará a crescer.
Transexual: Diz-se daquele que sente desejo compulsivo por mudar de sexo ou que, por meio de cirurgia nos genitais, o tenha conseguido. Comumente, julga-se vítima de um erro biológico e procura alterar sua aparência para que seu corpo corresponda à identidade emocional e psicológica que experimenta.
Tribadismo: Prática sexual lésbica, que consiste na ficção mútua das vulvas envolvidas no ato.
Voyeurismo: Prática daqueles que obtêm satisfação sexual em olhar pessoas despidas ou durante atos sexuais, sem o seu consentimento.
por Fernando Puga | 02/09/2009
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