3 de abril de 2015

Sexo na terceira idade faz bem, afirmam especialistas

Homens e mulheres na terceira idade não fazem mais sexo? Errado! Ao contrário do que muita gente pensa, essa população tem vida sexual ativa, sim. Segundo uma pesquisa britânica publicada em janeiro de 2015 no Archives of Sexual Behavior, mais da metade dos homens e quase um terço das mulheres com mais de 70 anos têm vida sexual ativa.

O levantamento, feito por pesquisadores da Universidade de Manchester, na Inglaterra, e que incluiu mais de 7 mil pessoas num estudo sobre envelhecimento, revelou que 54% dos idosos e 31% das idosas têm relações sexuais pelo menos duas vezes por mês. A pesquisa mostrou ainda que 31% dos homens e 20% das mulheres acima dos 70 anos continuam beijando e acariciando o parceiro com frequência.

Sexo na velhice tem pesos diferentes para homens e mulheres?

Na opinião de Fabiane Dell' Antônio, fisioterapeuta na área de sexualidade, nos homens pesa mais a idade por conta da disfunção erétil ter alta incidência em homens acima dos 60 anos. Segundo ela, a ereção conta muito para eles e, com a idade, há um enfraquecimento muscular e circulatório dos músculos do assoalho pélvico masculino [localizado entre as pernas]. "Em alguns casos os medicamentos vasodilatadores para impotência sexual não conseguem vencer esta alteração fisiológica", explica.

Já no caso das mulheres, o principal fator é a falta de desejo e a pouca lubrificação vaginal que, na maioria das vezes, têm origem no enfraquecimento muscular, assim como ocorre nos homens. "Mas ainda assim as mulheres conseguem manter relações sexuais, algo diferente dos homens se houver disfunção erétil", reforça Fabiane.

Na parte sexual, avalia Regina Racco, colunista de "Amor e Sexo" do Tempo de Mulher e professora de ginástica íntima, ambos enfrentam seus medos: elas, do ressecamento vaginal, próprio do climatério - fase de transição da vida da mulher entre o período reprodutivo e não reprodutivo -, e eles, da temida impotência.

Por sua vez, na avaliação da sexóloga e ginecologista Carolina Ambrogini, a diferença é que as mulheres, nesta faixa etária, convivem melhor com a falta de sexo do que os homens. Para eles, que agora fazem parte da geração "Viagra", o sexo sempre será importante, mesmo que a frequência diminua.

"Sexo sempre passa diariamente pela cabeça deles. Não é que para elas não seja importante também, mas não é algo vital, elas convivem bem com a falta de sexo e direcionam sua energia para outras coisas (netos, amigas, viagens). Mas se o casal continua sendo sexualmente ativo na terceira idade, ele fica mais unido, mais cúmplice e mais interessante um para o outro", afirma Carolina.

A libido diminui no envelhecimento?

O médico geriatra Thiago Mônaco, professor da Faculdade de Medicina da Uninove, observa que a diminuição da libido após a menopausa pode explicar o desinteresse de algumas mulheres no ato sexual ao longo da idade. Ele explica que, como o homem não passa por essa redução brusca da produção de hormônios, a baixa no desejo sexual não se verifica neles, o que pode gerar um descompasso nos casais que envelhecem juntos, ou seja, eles mantendo o interesse pelo sexo e elas diminuindo.

"Mas enfatizo, isso não ocorre na maioria das mulheres e tem tratamento. Quem apresenta essa perda de libido e a trata percebe uma melhora da qualidade de vida", esclarece Thiago. E a psicóloga especializada em sexualidade, Priscila Bonetti destaca que não se trata de uma questão de gêneros. "Homens e mulheres na terceira idade podem ter vida sexual ativa e gostarem de sexo. O que existe são diferentes expressões do desejo sexual, em qualquer idade, inclusive na velhice. Dados de pesquisas apontam que o indivíduo que teve mais parceiros sexuais e maior atividade sexual na juventude, bem como uma atitude positiva com as experiências sexuais, além de boa saúde mental (com ausência de depressão, que desestimula a prática sexual) são mais ativos sexualmente na terceira idade", afirma Priscila.

Além disso, todos os especialistas entrevistados pelo Tempo de Mulher seguem na direção da pesquisa britânica, citada no começo da matéria, ou seja, os problemas mais relatados pelas mulheres sexualmente ativas com mais de 70 anos são dificuldades para alcançar a excitação (32%) e atingir o orgasmo (27%). Entre os homens, a principal queixa é a dificuldade erétil (39%).

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