1 de agosto de 2016

Cientistas dizem ter resolvido mistério do orgasmo feminino

É um mistério que tem intrigado cientistas há séculos: qual o papel do orgasmo feminino?

No homem, o orgasmo está diretamente relacionado à transferência de esperma, mas nas mulheres o orgasmo não só não é necessário para a concepção, como também está muitas vezes ausente da relação sexual.

Por que, então, as mulheres experimentam essa sensação? Um grupo de pesquisadores nos EUA diz ter encontrado uma possível resposta. E o segredo estaria no desenvolvimento de uma função-chave: a ovulação.

Um novo estudo realizado por cientistas da Universidade de Yale e do Hospital Infantil de Cincinnati sugere que o orgasmo feminino é um vestígio de nosso passado evolutivo, quando as fortes descargas de hormônios que acompanham o clímax eram necessárias para a mulher ovular.

"Sugerimos que o homólogo do orgasmo humano é um reflexo que, ancestralmente, induziu a ovulação", diz a conclusão do estudo.

Ovulação espontânea

"Pesquisas anteriores focaram na biologia humana, mas não na evolução de uma determinada característica em espécies diferentes", diz Günter Wagner, professor de Ecologia e Biologia Evolucionária na Universidade de Yale e um dos autores do estudo.

Os cientistas se concentraram no estudo evolutivo e em diferentes espécies de um dos fenômenos que acompanham o orgasmo feminino: a forte liberação de hormônios como prolactina e oxitocina.

"Características homólogas em espécies tendem a ser muito difíceis de rastrear", diz Mihaela Pavlicev, do Hospital Infantil de Cincinnati e coautora do estudo publicado na revista JEZ, Molecular and Developmental Evolution.

"As fortes descargas hormonais caracterizam um dos aspectos do orgasmo feminino e assim seguimos a pista evolutiva dessa característica em diferentes espécies."

Em muitos mamíferos, como gatos ou coelhos, essa descarga hormonal ocorre durante a relação sexual com o macho e é necessária para estimular a liberação de óvulos.

Mas em seres humanos e em outros primatas a ovulação é espontânea e independe da estimulação sexual.

Os pesquisadores observaram que a ovulação induzida apareceu antes da ovulação espontânea, que teria surgido há cerca de 75 milhões de anos.

O orgasmo feminino seria, então, um resquício desse passado ancestral comum, quando uma forte descarga hormonal era necessária para uma função tão vital como a ovulação.

O deslocamento do clitóris

A ocorrência da ovulação espontânea também teria levado a outras mudanças evolutivas, especialmente a realocação do clitóris.

Em espécies com ovulação induzida por atividade sexual, o clitóris fica dentro ou muito perto do canal vaginal.

Já em seres humanos e outras espécies de ovulação espontânea, ele fica mais distante.

"Isso explicaria por que a cópula não é necessariamente acompanhada de orgasmo", disse Pavlicev.

A cientista não descarta, no entanto, que a forte descarga hormonal possa estar associada a outras funções.

"Ainda há muito debate sobre se o orgasmo pode cumprir outras funções, como um fortalecimento do vínculo emocional", disse ela. "Então, não podemos excluir (a possibilidade de) que, apesar de ter perdido sua conexão com a reprodução, o orgasmo feminino possa ter outras funções."

"Acréscimo fantástico"

No entanto, alguns pesquisadores preferem outras explicações sobre o orgasmo feminino.

Elisabeth Lloyd, professora de biologia da Universidade de Indiana e autora de O Caso do Orgasmo Feminino: Preconceito na Ciência da Evolução, descreveu no jornal britânico The Guardian o trabalho de Yale como "importante" por sua abordagem original de estudar a evolução das espécies.

Mas Lloyd diz que ainda se sabe muito pouco sobre o orgasmo em outras espécies e garante que, além de descarga hormonal, devem ser levados em conta outros aspectos neurológicos e musculares desse fenômeno.

Em seu livro, a pesquisadora afirma que o orgasmo feminino é simplesmente um remanescente do desenvolvimento embrionário.

"Só na oitava semana (do embrião) se produz uma forte liberação de hormônios masculinos que transforma os órgãos genitais em genitais masculinos", diz Lloyd.

Os homens precisam do orgasmo para transferir o esperma, mas as mulheres, de acordo com a bióloga, também têm tecidos musculares e terminações nervosas para o orgasmo, que ela descreve como um "acréscimo fantástico".

"Além do prazer, parece não ter um objetivo", diz Lloyd, ainda segundo o Guardian. "Mas isso não significa que o orgasmo feminino não seja importante. Ele simplesmente não parece ter uma função evolucionária."

4 de julho de 2016

O que uma mulher precisa saber sobre os homens?

"Homens também gostam de receber elogios sobre sua aparência, mesmo que sejam apenas detalhes, eles se sentem

muito bem"

"Se você gosta de um cara, aborde-o e deixe-o saber sobre o seu sentimento"

"Às vezes, os homens gostam de ficar sozinhos. Não é que estejam com raiva de você ou te ignorando, eles apenas gostam de

ficar sozinhos"

"Nenhum homem é igual ao outro. Assim como nenhuma mulher é igual a outra. Qualquer generalização que você faz nesse sentido não é justa"

"Os homens não pensam em sexo a cada sete segundos. Eu li isso em uma revista feminina enquanto esperava no consultório do dentista. Essas percepções de revistas femininas sobre os homens são ridículas"

"Nunca tente adivinhar o que se passa pela nossa cabeça. Você pode pensar errado e estragar tudo. A verdade é que nós estamos provavelmente apenas pensando no último episódio de ‘Game of Thrones’ ou algo parecido. Se você quiser saber, pergunte"

"Alguns homens realmente sabem que você está tentando se insinuar, mas não querem constrangê-la com medo de serem mal interpretados. Até porque, muitos de nós já entendeu errado e se envergonhou diante de uma mulher. Por isso, somos mais cautelosos"

"Só porque um homem é fisicamente maior do que você não quer dizer que socos e pontapés não doem --mesmo quando são de brincadeira. Não somos árvores ou pedras, sentimos dor"

"Se um homem tem sempre de dar início ao sexo, ele vai pensar que você não o deseja. E isso acontece mesmo se você é casado. Na verdade, especialmente se você é casado".

1 de julho de 2016

O comportamento de performer sexual, em sexualidade, recebe o nome de exibicionismo.

Por Celso Marzano

O comportamento de performer sexual, em sexualidade, recebe o nome de exibicionismo. Ele é considerado um desvio sexual e não uma disfunção, em que o parceiro (ou parceira) usa de todos os artifícios para mostrar como é "bom de cama" e grande conhecedor de todas as técnicas e posições sexuais. Ele faz sexo para si próprio e têm uma satisfação muito pessoal com a sua performance, o que faz com que ele não consiga se entregar totalmente e nem interagir com o parceiro. Não acontece a troca de energia e a cumplicidade sexual, tão necessários não só para quem ama, mas como também para aqueles que praticam o sexo físico, sem envolvimentos sentimentais.
 
Desta forma a mulher, já que com o homem esse comportamento é mais frequente, se sente uma parceira teatral e se vê na situação de fêmea expectadora de uma apresentação sexual. Logicamente, a excitação e toda a resposta sexual desta mulher fica abalada e ela dificilmente terá orgasmos intensos. Assim, o casal se afasta e o homem irá para uma nova conquista e para uma nova apresentação sexual teatral.
 
Outro aspecto pelo qual podemos analisar é a de uma possível insatisfação sexual de um dos parceiros que vai à procura de novas formas e sensações de prazer, em diferentes posições sexuais ou diferentes locais. Desta forma, a postura pode ser até positiva, melhorando o relacionamento sexual do casal.

A fantasia e a imaginação fazem parte do jogo sexual e são usados como tratamento em terapias sexuais. A distância entre a fantasia na teoria e a sua realização na prática é muito grande. O casal precisa dialogar muito e discutir o assunto antes de realizá-la .

A forma de expressar a sexualidade em uma relação é muito variável e depende do grau de cumplicidade do casal. Com o passar do tempo, esta vai aumentando e os parceiros vão se desinibindo e realizando sonhos e fantasias, há muito tempo elaboradas. Estes ingredientes, a fantasia e a imaginação, são indispensáveis. Mas, além disso, tempo, um local adequado e, é claro, muito sentimento também são necessários para uma resposta sexual intensa, prazerosa e inesquecível.

Celso Marzano é urologista e terapeuta sexual
por Fernando Puga e Clarissa Martins | 25/05/2010

A cama vira um palco, os amantes entram em cena. Luzes, cenários, espelhos e músicas são ingredientes essenciais para estimular as fantasias. Na hora de atuar, cada um tem suas preferências: uns gostam de mandar, outros de obedecer e há quem se sinta permanentemente num ensaio fotográfico. É um tal de puxa pra cá, joga pra lá, ajoelha ali, o espetáculo é excitante. Será que os atores estão satisfeitos? Fantasia e imaginação fazem parte do jogo sexual, mas a performance muitas vezes pode tirar a percepção dos amantes e o que era para ser um show, vira uma tragédia.

Gincana sexual
 
O desejo de exibir os dotes faz do sexo, muitas vezes, uma maratona. "Tudo começou na praia. Tinha um cara conversando com a nossa galera e minhas amigas me chamaram a atenção para o volume que o 'documento' dele fazia na sunga. Como gosto muito de transar e não tenho essas frescuras femininas, as meninas logo me escalaram para eu descobrir como aquilo tudo funcionava", lembra a bióloga Márcia Guedes.

Da praia, os dois foram almoçar e ela já estava se insinuando. "Como o cara era o maior galinha, caiu na rede. Mal chegamos na casa dele e já começou aquela frenética loucura sexual. Quando ele começou a arrancar a minha canga e biquini com o maior furor, pensei que a tarde ia ser das boas", recorda. Ledo engano. Daí em diante, a coisa se transformou numa espécie de gincana sexual e ela não conseguiu mais parar quieta. Ter prazer, então, muito menos.

"Conheci todos os cantos da casa. Cada posição era em um cômodo. Era um-dois-três-quatro, mudávamos de lugar. Um-dois-três, quando eu estava começando a gostar, ele mudava. E de novo, de novo. Enfim, foi um saco", conta. Mas Márcia acabou sendo salva por quem menos esperava. "Graças a Deus, minha irmã telefonou dizendo que meu namorado estava na minha casa me esperando. Larguei tudo aquilo e fui embora. Realmente era um senhor 'documento', pena que ele não sabia usar", comenta, decepcionada.

Uma verdadeira máquina...

A artista plástica Helena Motta é outra que não gosta de ver a cama se transformar em picadeiro de contorcionista. "Uma vez, conheci um cara lindo. Ele era supercarinhoso, mas quando fomos transar, começou o problema. Ele me pegava com força, me virava, me chacoalhava, abria minhas pernas, puxava daqui, de lá. Eu fiquei em cada posição que nem me lembro de tão tonta que estava. Tudo bem, foi a primeira, pensei. Acho que ele queria me impressionar", diz.

No dia seguinte, quando o rapaz partiu para a segunda apresentação, ela descobriu que era puro estilo. "Mais uma vez, aquela alucinação. O cara nem percebia que eu não estava gostando, não conseguia gozar. Depois dessas experiências, desisti. Tô fora de transar como se fosse uma máquina de lavar roupa", declara.

A Cleópatra e o jóquei

Muitas vezes o encaixe é o próprio show. A estilista Rosana Garcia curtia a diferença de tamanho dela e do namorado. "Apesar da pequena estatura do meu gatinho, nos dávamos muito bem na cama, mesmo sendo sempre muito engraçado. Eu sou toda grandona, coxas grossas e compridas e ele pequeno, de pernas curtas. Todas as nossas transas eram uma performance, porque ele precisava fazer verdadeiros malabarismos para encaixar em mim. Eu adorava olhar no espelho. Ele parecia um jóquei, montado em mim, como se estivesse disputando um páreo. Eu adorava", suspira.

Com muito diálogo e cumplicidade, o casal buscava alternativas novas e diferentes que agradassem aos dois. "Um dia, quando estava com boca no dito cujo, dando tudo de mim, ele começou a elogiar meu talento e perguntou onde eu tinha aprendido aquelas habilidades que o levavam à loucura. Como sou uma fã de Cleópatra, encarnei a personagem e contei como ela aprendeu os segredos do sexo com seus servos. Fui realizando meu trabalho e encenando ao mesmo tempo, contando a minha história. Ele pirou, enlouqueceu de tanto prazer e retribuiu com tanto tesão que realmente, naquela dia, eu me senti uma verdadeira imperatriz", lembra.
Diva dominatrix

O administrador de empresas Alexandre Ribeiro se arrependeu de comentar com a nova namorada a sua atração por um tal de sexo performático. "Nunca tinha conhecido nenhuma mulher que fosse adepta da prática, mas comentei com ela que tinha lido um artigo em uma revista e achado interessante", diz. Ele só não imaginava que a moça poderia se inspirar e levar a coisa ao pé da letra, mesmo sem a menor noção do que se tratava o assunto.

"Pouco tempo depois, ela me chamou à casa dela para uma surpresa. Chegando lá, pediu para que eu deitasse na cama e ficasse bem à vontade, que já estaria de volta", conta. De repente, as luzes diminuem e surge uma música. "Quando olho, está a Samanta vestida em um longo de lantejoulas, com o cabelo armado, maquiada e de microfone na mão, dublando a música. Não sabia onde enfiar a cara", confessa. Depois do show musical, strip-tease. "Ela tirou a roupa, fazendo evoluções sensuais, apagou a luz, pulou na cama e transamos. Ela tentou fazer um tipo diva dominadora, mas aquilo me deixou acanhado. Hoje em dia, tenho um certo trauma do assunto", conta.

Veja a opinião do urologista e terapeuta sexual Celso Marzano

Gelatina e Nhá Benta

Até a comida pode estar incluída na performance. Com a vendedora Sandra Neves, o cardápio foi sugestivo com inspirações literárias. "Li num livro do Sidney Sheldon e decidi fazer. Eu e meu namorado enchemos uma banheira com gelatina quente, entramos e começamos a transar. À medida que o tempo passava, sentia a gelatina endurecer. Foi uma loucura de bom!", comenta. Outra vez, a pedida foi chocolate. "Peguei uma Nhá Benta, tirei o fundo de biscoito e encaixei lá, no 'negócio' do meu namorado, pra servir de coadjuvante no sexo oral. O chocolate ia derretendo, derretendo e, dali a pouco, aparecia o recheio!", conta.

Me chama de lagartixa

O sexo performático pode, sim, ser uma prática muito prazerosa para o casal. O problema é quando surge um ataque de estrelismo e uma das partes decide roubar a cena e virar protagonista. Nem que seja à força. "Uma vez transei com um garoto de 18 anos, cheio de energia. Ele literalmente me pegava, jogava na parede e chamava de lagartixa. Eu achava graça daquilo tudo, pensava que era coisa da idade e até gostava", revela a empresária Lúcia Batista.

Dez anos depois, os dois se reencontraram e decidiram matar as saudades. "O tempo passou e ele não se reciclou, a performance continuava a mesma! Pega, puxa, bate. Não parava quieto em nenhuma posição. Me virava de cabeça pra baixo, chegava a me derrubar da cama, um horror. Mas o pior era que ele não parava de se olhar no espelho, altamente egocêntrico e exibicionista. Cheguei a pedir várias vezes para que ele se acalmasse, pegasse leve, mas nada. Ele queria que eu fizesse o papel de mulherzinha submissa e ele, o macho arrebatador. Era tudo tão rápido e alucinado... gozar? Nem pensar! Foi horrível", diz.


O problema não está em fazer performances na cama, o que pode até ser superpositivo para quem quer dar aquela estimulada na relação. Mas não se faz sexo sozinho e, por isso, a outra pessoa também precisa estar curtindo o show. Todo cuidado é pouco. Senão, ao invés de impressionar, você assusta.

Por Celso Marzano

O comportamento de performer sexual, em sexualidade, recebe o nome de exibicionismo. Ele é considerado um desvio sexual e não uma disfunção, em que o parceiro (ou parceira) usa de todos os artifícios para mostrar como é "bom de cama" e grande conhecedor de todas as técnicas e posições sexuais. Ele faz sexo para si próprio e têm uma satisfação muito pessoal com a sua performance, o que faz com que ele não consiga se entregar totalmente e nem interagir com o parceiro. Não acontece a troca de energia e a cumplicidade sexual, tão necessários não só para quem ama, mas como também para aqueles que praticam o sexo físico, sem envolvimentos sentimentais.
 
Desta forma a mulher, já que com o homem esse comportamento é mais frequente, se sente uma parceira teatral e se vê na situação de fêmea expectadora de uma apresentação sexual. Logicamente, a excitação e toda a resposta sexual desta mulher fica abalada e ela dificilmente terá orgasmos intensos. Assim, o casal se afasta e o homem irá para uma nova conquista e para uma nova apresentação sexual teatral.
 
Outro aspecto pelo qual podemos analisar é a de uma possível insatisfação sexual de um dos parceiros que vai à procura de novas formas e sensações de prazer, em diferentes posições sexuais ou diferentes locais. Desta forma, a postura pode ser até positiva, melhorando o relacionamento sexual do casal.
 
A fantasia e a imaginação fazem parte do jogo sexual e são usados como tratamento em terapias sexuais. A distância entre a fantasia na teoria e a sua realização na prática é muito grande. O casal precisa dialogar muito e discutir o assunto antes de realizá-la .

A forma de expressar a sexualidade em uma relação é muito variável e depende do grau de cumplicidade do casal. Com o passar do tempo, esta vai aumentando e os parceiros vão se desinibindo e realizando sonhos e fantasias, há muito tempo elaboradas. Estes ingredientes, a fantasia e a imaginação, são indispensáveis. Mas, além disso, tempo, um local adequado e, é claro, muito sentimento também são necessários para uma resposta sexual intensa, prazerosa e inesquecível.

Celso Marzano é urologista e terapeuta sexual

28 de junho de 2016

Pesquisa mapeia fatos e angústias da vida sexual do brasileiro

GABRIEL ALVES - DE SÃO PAULO - 28/06/2016  02h02
O brasileiro tem medo de falhar na hora H; a brasileira, de pegar DSTs. Mais de 40% das mulheres sentem alguma dor na hora do sexo; um terço dos homens tem dificuldades para obter uma ereção. Só 28% das pessoas usam camisinha regularmente.
Esses e outros dados foram foram traçados pela pesquisa Mosaico 2.0, que, pela segunda vez, traçou um perfil da sexualidade do brasileiro. O estudo é coordenado por Carmita Abdo, psiquiatra sexóloga da USP, e apoiada pela farmacêutica Pfizer.
Foram entrevistadas 3.000 pessoas dos 18 aos 70 anos de idade de sete regiões metropolitanas do país (São Paulo, Rio, Salvador, Porto Alegre, Belém, Belo Horizonte e Distrito Federal). A amostra é composta por 1.530 homens e 1.470 mulheres.
Em comparação à versão de 2008, Carmita destaca que subiu de 43% para 57% o número de mulheres que fazem sexo por atração, ou seja, sem envolvimento amoroso. O número masculino permanece estável na casa dos 70%. "Há uma maior consciência da distinção entre afeto e sexo por parte das mulheres".
Mesmo assim, as mulheres ainda são as mais conscientes em relação aos perigos de se adquirir uma DST. Em relação ao sexo, essa é a principal preocupação entre elas (55%); do lado masculino, o maior medo é o de não ter uma boa performance.
"A explicação para essa preocupação dos homens é a própria genitália masculina, exposta. Se não há ereção, seu desempenho fica visivelmente comprometido –é praticamente uma comprovação de sua 'incompetência'", diz Carmita.
A discrepância de preocupações entre os sexos também se dá por uma questão de excitação, explica a sexóloga Débora Pádua. "As mulheres demoram até quatro vezes mais tempo para se excitar, aí elas acabam tendo tempo para se preocupar com DSTs, por exemplo."
Outra coisa curiosa observada na pesquisa é o fato de "sono saudável" ganhar de "vida sexual satisfatória" para as mulheres. Para eles, ter bom sexo é quase tão importante quanto se alimentar.
Para Carmita, esse tipo de observação mostra que as prioridades para qualidade de vida entre os sexos "não são sobreponíveis". A explicação seria a maneira como funcionam as cabeças: a do homem pensa que, com a questão sexual resolvida, as outras são mais fáceis de lidar (seria mais fácil dormir após o orgasmo, por exemplo), explica Carmita
Para as mulheres, seria difícil enxergar o mundo dessa forma. No caso, o sexo se torna mais provável à medida que outras áreas da vida são resolvidas –o descanso é uma delas. "Se a mulher for transar, ela pensa: 'vou ter que tomar banho, me limpar...' Se o homem está estressado, ele pensa que transando vai ficar melhor e acaba até esquecendo do problema. A mulher não tem essa facilidade, ela pensa na dificuldade e não visualiza o prazer", exemplifica Débora.
DOR
Chama a atenção a porcentagem de mulheres (40,3%) que relatam ter dor durante o ato sexual. Segundo a sexóloga Lelah Monteiro, além de disfunções sexuais como o vaginismo (vagina que não dilata, sofre espasmos e impede a penetração), há desinformação. A partir do climatério, as mulheres tem um déficit natural na lubrificação vaginal, o que, além de dor no ato sexual, pode favorecer o aparecimento de infecções.
Outro fator seriam os resquícios de um moralismo excessivo. "Muitas mulheres de sucesso profissional, bem formadas, nunca se masturbaram, nunca tiveram um orgasmo e ainda têm vergonha de falar disso. Elas acabam sendo tolhidas de sua sexualidade", diz Lelah.
A dificuldade na ereção relatada por 32% dos homens poderia ser explicada tanto por doenças (como diabetes e doenças circulatórias) quanto por uma pressão social.
"Existe uma 'castração social'. Hoje parece que todos são estupradores, eles são massacrados, não podem mais se comportar como homens saudáveis. Outra coisa é que antes, bastava ter ereção. Agora, tem que ter ereção, sucesso econômico, não pode ter ejaculação precoce"¦ é difícil não perder a compostura", diz Lelah.
Para Débora, a combinação de dor com a insegurança e falta de controle masculinas é desastrosa: "A mulher sem vontade sexual não se lubrifica e tem maior risco de sentir dor. A mulher não quer ver o cara inseguro (o que piora a disfunção erétil) aí algumas acabam fingindo orgasmo só para que o parceiro tenha confiança e acabe ejaculando mais rápido."
Essa insegurança masculina também é responsável, segundo Carmita, pela ainda baixa adesão ao uso da camisinha, usada em todas as relações apenas por 28% das pessoas (36% nunca usam). Para as especialistas, além do baixo número de campanhas fora do carnaval, há pouco direcionamento –não há nenhuma com foco na terceira idade por exemplo.
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O sexo e os sexos
Pesquisa revela como homens e mulheres sofrem e lidam com a sexualidade

PERFORMANCE X DOENÇA
 
Entre os homens, 55% têm medo de não ter uma boa performance na cama; entre as mulheres, 46% têm medo de pegar uma doença sexualmente transmissível (DST)
*
SEM DORMIR NA HORA H
 
Para mulheres, a qualidade do sono vem antes antes da vida sexual; para o homem, boa vida sexual é quase tão importante quanto comer
*
DOR DE UM LADO, PRESSÃO DO OUTRO
 
32% dos homens relatam alguma dificuldade de obter ereção, número semelhante ao de mulheres que relatam dor durante o sexo, 40,3%
*
CASAL SINCRONIZADO
 
Quanto mais maduro o casal, mais qualidade tem a relação sexual. Na conta, não entra só a performance, mas a dedicação dispensada
*
GAROTA DO VOVÔ
 
Iniciação sexual masculina com garotas de programa não é tão comum hoje entre os jovens (1,5%) como era antigamente (15,1%)

 

27 de junho de 2016

Mulheres contam por que preferem se relacionar com gays

Luciana Mattiussi
Mesmo sabendo que Thiago*, seu colega técnico, sentia atracao por homens,
kaitissiane teixeira, 23 enfrentou o falatorio da pequena cidade mineira onde
mora para namorar o rapaz, com quem ficou por tres anos e meio. “Ele
nunca escondeu isso de mim, e eu dizia que, se um dia ele resolvesse
 experimentar, eu entenderia e apoiaria. Achava que se ele não experimentasse
para descobrir do que realmente gostava, nunca seria feliz”, fala.
Thiago* resolveu seguir o conselho da namorada quando eles ainda estavam
juntos e, com a descoberta, chegou a propor uma relação a três, que inicialmente
Katissiane topou.
“Eu o amava e nossa relação era muito boa. Ele era incrível, cavalheiro, romântico,
preocupado e muito bom de cama. Era do tipo que sempre falava o que eu queria
ouvir”, diz. Thiago, no entanto, chegou à conclusão de que gostava apenas de homens
e o namoro  terminou. Hoje, os dois são amigos, e Katissiane não descarta se relacionar
com outros gays. “Se o cara for interessante e se interessar por mim, por que não?”
Ao contrário da mineira, o ex-namorado de Tatiana*, uma produtora paulistana de 28 anos
era gay assumido quando os dois se relacionaram por quase um ano.
“Ele foi um dos melhores parceiros sexuais que tive. Era atencioso, preocupado que fosse
 uma boa troca de fato. Não tinha preguiça de entender que meu tempo era diferente.
Eu me apaixonei e tinha ciúme de mulheres, mas acho que abstraía o fato de os
homens também o atraírem”, conta Tatiana.
O sexo também foi o ponto forte na relação de Paula*, uma jornalista de São Paulo
de 33 anos. Durante um intercâmbio na Europa, ela conheceu um polonês e, apesar
de suspeitar que ele fosse homossexual, resolveu investir em um romance.
“Eu o achei interessante e não tinha certeza [sobre a orientação sexual]”, diz.
A aventura foi compensada. “Tive uma das melhores relações sexuais da minha vida.
O sexo com eles não é só penetração. É envolvimento, carinho, massagens.
Fui surpreendida com alguns pedidos inusitados [dedo no ânus], mas nada que
nunca tivesse acontecido com heterossexuais”, afirma.
Segundo a psicanalista Mônica Donetto Guedes, membro da Formação Freudiana
instituição de formação psicanalítica no Rio de Janeiro, o sexo de fato é um atrativo
para as mulheres que se relacionam com gays. Mas há também questões emocionais
 envolvidas.
“As motivações variam de acordo com cada indivíduo, mas dos relatos dessas mulheres
é possível perceber que os homossexuais que as atraem são homens charmosos,
elegantes com ótimos gostos. Geralmente, elas os acham mais compreensíveis,
amorosos, carinhosos e sedutores do que os héteros. Também é possível
escutar que o envolvimento aconteceu em função da busca de uma relação na
qual houvesse mais respeito às diferenças, mais diálogo, liberdade e parceria”, afirma
Mônica. Mas e o homem homossexual, qual será a razão que o leva a se relacionar com
uma mulher? Liberdade com sua sexualidade, de acordo com a psicanalista
Blenda de Oliveira, da PUC (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).
“Os homens gays, de modo geral, têm curiosidade e empatia com o feminino,
mas não é regra. Depende do nível de liberdade com o qual lidam com sua
homossexualidade. Aqueles que são mais tranquilos e já ultrapassaram a
s dificuldades de aceitação, principalmente familiar, podem transitar pelo
feminino e masculino com naturalidade”, afirma Blenda.
Para a psicanalista Mônica, a sexualidade e o desejo vão além da anatomia
corporal. “Quando se trata de encontros amorosos, a questão da escolha
está para além da anatomia dos corpos. Os tempos atuais favorecem novos
arranjos amorosos. Permite que os indivíduos explicitem sem culpa ou,
ao menos, sem repressão seus desejos sexuais.”

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